O Câncer Gástrico Hereditário Difuso (CGHD) é uma condição genética rara, mas altamente severa, ligada a alterações no gene CDH1. Pessoas com essas modificações genéticas apresentam um risco bastante elevado de desenvolver a forma difusa do câncer gástrico ao longo de suas vidas, podendo chegar a 80%. Frente a essa perspectiva, a gastrectomia total preventiva (GTP) se apresenta como uma intervenção preventiva essencial. Neste artigo, vamos detalhar os benefícios, desafios e cuidados essenciais após esse tipo de cirurgia.
Vantagens da Gastrectomia Total Preventiva
O maior benefício da GTP é a diminuição significativa do risco de se desenvolver o câncer gástrico em sua forma difusa. Estudos têm mostrado que, mesmo quando o paciente não apresenta sintomas, a avaliação detalhada do estômago removido pode revelar pequenos pontos de células cancerígenas em anel de sinete. Isso sugere que pode haver malignidade antes mesmo dela ser detectável por exames usuais, o que fortalece a eficácia da GTP como medida preventiva.
Desafios e Riscos da Gastrectomia Total Preventiva
Apesar dos potenciais benefícios, a GTP não é isenta de riscos. Os possíveis problemas no pós-operatório podem incluir a formação de fístulas nas áreas de anastomose, infecções e problemas respiratórios. Pesquisas indicam que a ocorrência de complicações graves após a retirada completa do estômago pode atingir 11%, com taxas de mortalidade operacional em torno de 2,4%. Além disso, a inexistência do estômago cria desafios nutricionais importantes, exigindo alterações na dieta e suplemento contínuo de nutrientes indispensáveis, como a vitamina B12 e o ferro.
Cuidados Pós-Cirúrgicos Essenciais
O período após a cirurgia exige cuidados multidisciplinares para assegurar uma recuperação plena e a continuidade da qualidade de vida do paciente. A reeducação alimentar é um ponto-chave, incentivando refeições mais frequentes e menores para compensar a ausência do estômago. É crucial também a suplementação de vitaminas e minerais para evitar déficits nutricionais. Ademais, o suporte emocional é imprescindível, uma vez que a adaptação a essa nova realidade pode ser um desafio significativo para muitos.
Opções para Quem Opta por Não Fazer a Gastrectomia Total Preventiva
Para aqueles que escolhem não se submeter à GTP ou adiar a cirurgia, a vigilância regular por meio de endoscopias é uma possibilidade. Protocolos de monitoramento endoscópico têm sido criados para observar a mucosa do estômago e detectar precocemente eventuais alterações suspeitas. Contudo, a eficácia dessa estratégia é limitada, já que o tipo difuso do câncer gástrico pode não apresentar lesões precursoras evidentes, tornando a detecção precoce difícil.
Conclusão
A escolha de realizar uma gastrectomia total preventiva em indivíduos com a mutação CDH1 deve ser feita após cuidadosa consideração dos benefícios significativos na diminuição do risco de câncer gástrico, em confronto com os desafios e riscos inerentes ao procedimento. O acompanhamento por profissionais de diversas áreas é fundamental para orientar o paciente desde a decisão cirúrgica até os cuidados pós-operatórios, garantindo uma abordagem que respeite e atenda às particularidades de cada caso.
