A hérnia inguinal bilateral manifesta-se quando o tecido abdominal se projeta através de pontos de fraqueza em ambos os lados da região inguinal. O tratamento cirúrgico simultâneo dessas hérnias é um tema discutido amplamente no meio médico, trazendo à luz tanto vantagens significativas quanto desafios que exigem uma análise cuidadosa.
Benefícios da Correção Concomitante
Decidir por corrigir as hérnias inguinais bilaterais de forma simultânea traz uma série de benefícios:
– Diminuição no Período de Hospitalização e Recuperação: Ao tratar as duas hérnias em um único procedimento, reduz-se o tempo total de hospitalização e acelera-se a recuperação, permitindo que o paciente retome suas atividades normais mais rapidamente.
– Menor Exposição à Anestesia: Passar por uma única anestesia para reparar ambas as hérnias diminui os riscos inerentes à anestesia geral ou regional, especialmente em pacientes com condições de saúde subjacentes.
– Eficiência em Recursos: A realização simultânea dos reparos pode otimizar a utilização de recursos hospitalares e reduzir custos, evitando múltiplas internações e procedimentos distintos.
Desafios da Correção Concomitante
Embora haja claros benefícios, é importante considerar os desafios envolvidos na correção simultânea:
– Duração Estendida da Cirurgia: A cirurgia para reparar ambas as hérnias pode ser mais alongada, resultando em maior tempo sob anestesia, o que potencialmente aumenta o risco de complicações durante o período operatório.
– Dor Pós-Operatória Intensificada: Alguns estudos sugerem que a correção bilateral simultânea pode resultar em níveis maiores de dor no período pós-cirúrgico imediato, dependendo da técnica empregada e das características individuais do paciente.
– Risco de Complicações: Mesmo sem um aumento significativo na taxa de complicações, é crucial considerar a possibilidade de infecção, seromas ou recorrências, principalmente em procedimentos de maior porte.
Considerações Técnicas
A escolha da técnica cirúrgica é fundamental para o sucesso da correção simultânea. A abordagem por laparoscopia tem demonstrado vantagens, viabilizando a reparação de ambas as hérnias pelas mesmas incisões, o que resulta em cicatrizes menores e possivelmente menos dor pós-operatória. Além disso, a utilização de uma única tela de tamanho adequado pode reduzir custos e o risco de recorrência das hérnias diretas.
Estudos indicam que a correção simultânea via laparoscopia associa-se a uma recuperação mais rápida e a taxas de recorrência comparáveis às do método aberto. Entretanto, quando a laparoscopia não é viável, a reparação aberta bilateral sem tensão em uma única operação pode evitar múltiplos procedimentos.
Conclusão
A decisão de realizar a correção simultânea de hérnias inguinais bilaterais deve ser feita de forma individualizada, ponderando os benefícios de uma recuperação mais rápida e menor exposição anestésica frente aos desafios do tempo cirúrgico e possíveis complicações. A escolha da técnica cirúrgica ideal, seja laparoscópica ou aberta, deve considerar as características específicas do paciente, experiência do cirurgião e disponibilidade de recursos, objetivando sempre o melhor resultado clínico possível.
Referências Consultadas
– Amid, P. K., Shulman, A. G., & Lichtenstein, I. L. (1996). Simultaneous repair of bilateral inguinal hernias under local anesthesia. Annals of Surgery, 223(3), 249–252.
– Guidelines of the Brazilian Hernia Society (BHS) for the management of inguinocrural hernias in adults. (2019). PubMed.
– Resultados da herniorrafia inguinal bilateral simultânea pela técnica de Lichtenstein. (2010). Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
– Escolhendo uma abordagem cirúrgica para as hérnias inguinais e femorais. (2020). Blog Jaleko.